domingo, 13 de janeiro de 2013

Poema Armado


Que o poema venha cantando
ao ritmo contagiante do batuque
um canto quente de força, coragem, afeto, união
Que o poema venha carregado de amarguras,
dores, mágoas, medos, feridas, fomes ...
Que o poema venha armado e metralhe a sangue-frio
palavras flamejantes de revoltas
palavras prenhes de serras e punhais ...
Que o poema venha alicerçado
e traga em suas bases palavras tijolantes,
pontos cimentantes, portas, chaves, tetos, muros
E construa solidamente uma fortaleza de fé
naqueles que engordam o exército dos desesperados
Para que nenhuma fera não mais galgue escadas à custa de necessidades iludidas ...
E nem mais se sustente com carne, suor e sangue dum povo emparedado e sugado nos engenhos da exploração!

(Poema Armado/ Oubi Inaê Kibuko - in Cadernos Negros)