quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Não se mate

Carlos, sossegue,
o amor  é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,  depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe  o que será.
Inútil você resistir  ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
 reserve-se todo para  as bodas que ninguém sabe
quando virão,  se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,  rezas,  vitrolas,
santos que se persignam, .
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe  de quê, praquê.  
Entretanto você caminha  melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro  e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,  é sempre triste, meu filho,
Carlos,  mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.